Seja Feliz! No Metro Jornal
Há muitos anos, conversando com um jovem casal às vésperas do casamento aprendi uma lição muito valiosa sobre relacionamentos. Sua união se baseava num preceito simples, muitas vezes esquecido. “Ele é meu melhor amigo”, me disse a noiva. Eu jamais esqueci essas pa- lavras, e sempre busquei nos meus relacionamentos íntimos um “melhor amigo”. Tudo passa, mas amizades verdadeiras ficam para sem- pre, e superam a distância. Quando revemos amigos que não vemos há anos, é como se o tempo não tivesse passado. Retomamos do último encontro, e nos reencontramos onde estivermos emocionalmente naquele momento de vida.
Esses relacionamentos são baseados em conceitos básicos de respeito mútuo e consideração, principalmente aos sentimentos do outro.
O que me leva ao significado de “empatia”. Ter empatia parte do princípio de que sentimos o que o outro sente – até fisicamente se a relação for muito próxima. Eu já acredito que podemos e devemos, sentir pelo sofrimento de alguém que amamos e tentar compreender o que ele está passando. Mas nunca sentiremos, de fato, o que o outro sente. Cada um “sente” diferente. Seja a perda, a tristeza, a raiva, ou a solidão. A empatia genuína nada mais é do que saber escutar, e ser solidário diante de um sentimento e sofrimento alheio.
Para o verdadeiro amigo podemos sempre falar tudo, e ouvir tudo. Não é o que falamos que pode causar algum mal-estar, mas como falamos, ou se falamos na hora certa, adequada, com sensibilidade, para que demonstremos o apreço que sentimos por aquele amigo. Isso é a verdadeira empatia, que leva em consideração os sentimentos do outro, mesmo quando o seu naquele momento seja ainda mais importante.
Tem um exemplo que me marcou muito na vida. Quando o Embaixador Paulo Tarso Flecha de Lima estava partindo da Embaixada dos Estados Unidos, em Washington, para Itália. Naquele episódio, sua esposa, embaixatriz Lucia, conhecida pela sua intima amizade com a princesa Diana, me chamou num domingo para conversar. Nós tínhamos nos aproximado bastante, mas uma amizade sempre muito respeitosa pela minha condição de jornalista e correspondente. Nunca quis ultrapassar os limites éticos da relação. Quando cheguei lá, ela disse: “Chris, quero que seja a primeira a saber que aceitamos o cargo em Roma. Vamos nos mudar. Queria que soubesse em primeira mão. Sentiremos muita falta.” Para mim, foi um gesto de amizade, respeito e consideração que não esperava, e nunca esqueci. Foi uma lição que carrego comigo nas minhas atitudes.
Quem não se permite depositar esse gesto de amizade baseada no respeito sincero e singelo terá sempre dificuldade em encontrar a felicidade plena, porque nega o fato de que precisamos uns dos outros. Relacionamento é a base da existência do ser humano e que vem do amor.
Em algum momento na vida, nos damos conta disso. Mas cuidado. Não demore para perceber e valorizar o seu amigo. Muitas vezes, pode ser tarde demais.
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Chris Delboni 
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