CHRIS DELBONI – O ESTADO DE S. PAULO
29 Abril 2016 | 14h 28 – Atualizado: 29 Abril 2016 | 15h 02
Próxima parada é Cuba, em maio: será a primeira vez que a Orquestra Sinfônica Nacional de Cuba dedica um concerto à Bossa Nova

Em 2011, a maior dupla da música popular brasileira em Miami – o casal Rose Max e Ramatis – teve o gostinho de tocar com uma orquestra pela primeira vez. No ano seguinte, criaram o Projeto Bossa Nova Sinfônica. E, em 2013, se apresentaram junto à Orquestra Sinfônica Nacional de Costa Rica, e lançaram o CD Bossa Nova Sinfónico Recordando a Antonio Carlos Jobim. A canção inédita Abertura Jobiniana, de autoria do paulista Rafael Piccolotto de Lima, que abriu o concerto, foi indicada como melhor obra/composição clássica contemporânea para o Latin Grammy naquele ano e o CD recebeu o prêmio de melhor do ano, pelo Brazilian Press Awards, considerado o “Oscar” da comunidade brasileira no exterior.
“O objetivo do Projeto Bossa Nova Sinfônico é levar a Bossa Nova, a música de Antônio Carlos Jobim, a todas as partes do planeta”, diz o casal, radicado em Miami há mais de duas décadas. E estão conseguindo.

Depois de Costa Rica, tocaram com orquestras no México e em Miami, e, em maio, serão os primeiros músicos populares brasileiros a se apresentarem com a Orquestra Nacional de Cuba, que pela primeira vez dedica um concerto à Bossa Nova.
“A sonoridade que existe dentro de um palco – quando você está inserido com 95 músicos é uma experiência completamente diferente”, diz Ramatis. “De repente, você percebe as nuanças e tons. É uma massa sonora tratando de tocar peças de um compositor brasileiro. Toda vez que eu penso em fazer o concerto me dá uma emoção e uma paz muito grande.”
Rose diz que conhecia bem todo o repertório, e sempre cantou a maioria das musicas, a não ser Passarim, que foi seu grande desafio – e enorme emoção, com participação vocal – além do violão – do parceiro Ramatis. “Era como ouvir Tom Jobim cantando”, diz Rose Max, se referindo a Ramatis, que também cantava a música pela primeira vez.
“Foi uma coisa grandiosa, que a gente ouvia os sons, aquela massa sonora em volta da gente, e principalmente dando vida aos arranjos da música de Jobim”, diz ela. “É uma música difícil – mas gosto muito porque Tom Jobim falava muito de ecologia antes disso virar moda, e essa música é um marca, uma denúncia social do que a gente está fazendo com a natureza”.
O arranjo de Passarim também foi de Rafael Piccolotto. “Ele colocou toda uma densidade dramática”, diz Rose Max. Passarim é uma das músicas do repertório junto à Orquestra Sinfônica Nacional de Cuba.
O quinteto da Bossa Nova Sinfônica que vai se apresentar em Cuba – Rose Max (voz), Ramatis (voz e violão), Carlomagno Araya (bateria), Mike Orta (piano), Jamie Ousley (baixo acústico) – vai abrir o Festival Cuba Disco, em 15 de maio, às 11 horas, no Teatro Nacional de Cuba. O concerto será regido pelo maestro da orquestra de Cuba, Enrique Perez Mesa.
“A excelência dos arranjos é tão grande que o maestro da Orquestra Sinfônica de Cuba faz questão de reger o concerto todo”, diz Rose Max. “Jeremy Fox [integrante do BNS] vai como maestro coordenador”.
Turismo. O responsável pela apresentação em Cuba é o brasileiro Robson Coccaro, um dos donos da empresa TOCA Eventos, que trabalha com turismo corporativo e produção de eventos, com escritório no Rio de Janeiro e em Miami. Este ano, ele abriu a TOCA Culture, uma entidade sem fins lucrativos com o objetivo “de promover encontros culturais e intercâmbio artístico”. “A gente tomou uma decisão de diversificar além de eventos corporativos e abrir uma empresa para fazer trabalho cultural”, diz ele.
E o primeiro projeto é levar a BNS para Cuba. “O projeto deles é uma coisa fantástica – levar a música de Jobim para qualquer lugar do mundo”, diz Robson, que conhece bem o meio musical, apesar de não atuar mais no ramo. Estudou canto clássico na Universidade Federal do Rio de Janeiro e foi cantor profissional no Brasil e em Miami, onde também já se apresentou com Rose Max e Ramatis, uma amizade de quase 10 anos.
Mas Robson demorou uns dois meses com o CD da BNS nas mãos até conseguir escutar. “O carro dele não tinha CD aqui, então ficou sem poder ouvir”, conta Rose. “Aí quando foi para o Rio de Janeiro, ouviu. Ele me ligou: ‘Rose, o que é isso, a gente tem que fazer alguma coisa com isso'”.
Isso aconteceu há dois anos, e só agora o sonho está se tornando realidade. E para quem também sonha em conhecer Cuba neste momento de transição do país e quiser acompanhar os músicos, assistir à apresentação e ainda fazer uma excursão turística, Robson criou a Caravana Bossa Nova Sinfónico em Havana para levar um grupo de turistas interessados.
“É um projeto cultural de grande porte e um programa de turismo educacional”, diz Robson. “A música de Jobim é universal e fornece a estrutura ideal para o nosso encontro musical Pan-Americano”.
E, depois de Cuba, a próxima parada? Brasil, diz Rose Max e Ramatis. “Temos o sonho de levar esse concerto ao Brasil. A gente crê que o povo brasileiro vai admirar muito o Projeto Bossa Nova Sinfônica, principalmente gente que gosta de Tom Jobim, Bossa Nova e um público que gosta de música erudita e de jazz. O novo próximo objetivo depois de Cuba é o Rio de Janeiro – quem sabe fazer esse concerto na praia de Copacabana”, diz Rose Max. “Quem não sonha não realiza”.
Serviço:
Para mais informações sobre a Bossa Nova Sinfônica, visite: www.bossanovasinfonico.com.
Para mais informações sobre a TOCA Eventos: http://tocaeventos.com.br.
Para reserva ou informações sobre os pacotes turísticos para Cuba e o concerto da BNS, mande e-mail para info@tocaevents.com.
Projeto Bossa Nova Sinfônica
Rose Max – voz (Brasil)
Ramatis Moraes- violão (Brasil)
Carlomagno Araya – bateria (Costa Rica)
Jeremy Fox – arranjos, coordenação dos arranjos e regência (EUA)
Músicos convidados: Michael Orta – piano (EUA) e Jamie Ousley – contrabaixo (EUA)
Twitter @chrisdelboni
Categories: Direto de Miami
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