O grande mestre Antonio Adolfo já formou muitos nomes da música popular brasileira, entre eles filhos e netos de ícones como Tom Jobim e Ivan Lins. Mas seu maior orgulho são suas duas filhas. Luisa, com 31 anos, hoje toma conta do Centro Musical Antonio Adolfo no Leblon, que abriu em 1985, e Carol Saboya, que faz 38 anos em março, se tornou a parceira do sonho de qualquer pai, com quem já fez alguns shows, gravou CDs e em 10 de março, a dupla se apresenta em Fort Lauderdale, perto de Miami aonde o músico mora atualmente com a esposa Ana, a força por trás desse talento musical familiar.
Depois de passar um ano em Los Angeles em 1971 – pouco após o enorme sucesso de “Sá Marina”, com Tibério Gaspar, gravada por Sérgio Mendes nos Estados Unidos – a solidão levou Antonio Adolfo de volta ao Rio de Janeiro, onde conheceu e casou-se em 1974 com Ana, a quem se refere até hoje como “minha namorada” e quando fala da relação, cita Vinicius de Moraes, “Minha amiga e companheira no infinito de nós dois.”
Logo que se casaram, se mudaram para França, onde ele estudou com Nadia Boulanger, mestre de grandes músicos como o compositor Aaron Copland.
Ana engravidou e o casal resolveu ter Carol no Rio, onde Antonio Adolfo nasceu e cresceu nos bairros de Tijuca e Leme. Ele, então, continuou na época sua brilhante e premiada carreira trabalhando com renomados da MPB, como Chico Buarque, Maria Bethania, Emilio Santiago e Elis Regina.
Hoje Antonio Adolfo tem cerca de 1500 alunos entre as duas escolas no Rio e de 50 a 80 em Hollywood, a poucos quilômetros de Miami, onde abriu há uns quatros anos. No inicio, era um workshop aos sábados, mas cresceu e atualmente Antonio Adolfo School of Music funciona de segunda à sexta com aulas de vários instrumentos como piano, violão e bateria, e canto.
“Eu acho que o fato de ter estudado com a Nadia Boulanger, especificamente, eu sempre tive uma admiração muito grande pelos mestres, sempre achei muito bonito o fato de você passar para outros seu conhecimento”, diz Antonio Adolfo, um mestre que valoriza todos os alunos sem distinção. “Eu respeito da mesma forma o iniciante, o que não sabe nada, uma criancinha de quatro anos que vai estudar e aprender o dó-ré-mi àquele que eu ensino coisas super sofisticadas que aprendi durante a vida, não só com meus professores mas também com a minha experiência como musico.”
E isso ele aprendeu com sua mãe, Yolanda Maurity, que foi violinista da Orquestra do Theatro Municipal do Rio de Janeiro, uma mulher forte, pioneira e corajosa.
“Naquela época existia muito preconceito e muita distância entre a musica popular e a erudita”, conta Antonio Adolfo. “Mas ela não tinha nenhum preconceito contra a música popular. Pelo contrario, sempre gostou que eu fosse músico e tocasse as musicas que eu quisesse. Dava a maior força. Ficava emocionada e aplaudia”.
E é essa “autenticidade” que ele espera passar para Carol, que convivia desde pequena dentro de casa com vários cantores como Ney Matogrosso, Emilio Santiago e Zizi Possi que iam fazer arranjos com Antonio Adolfo.
“Ela viu que eu nunca quis fazer uma coisa comercial musical só pra vender, pra fazer sucesso”, diz ele. “A Carol tem uma coerência muito grande na carreira dela. Ela canta realmente o que ela gosta”.
Antonio Adolfo descobriu o talento musical de sua filha mais velha muito cedo, começando pela emoção que ela sentia ao ouvir uma canção. Ele conta que uma vez, ele e amigos estavam tocando “Travessia”, e Carol, com 7 anos, começou a chorar.
“Ela se emocionava muito com as músicas”, diz o pai que se lembra com orgulho quando Carol gravou nessa época um compacto simples com Miéle, “A Menina e a TV”.
“O pessoal todo ficou espantado que ela gravou de primeira, no estúdio, sem desafinar nada”, diz o compositor, que hoje é quem se emociona ao ouvir sua filha cantar “Sá Marina”, um dos grandes sucessos desse pianista, produtor, arranjador e professor – e acima de tudo, um grande amante da música, que com sua mágica, guiou a vida de um menino tímido e gago que cresceu para se tornar esse fenômeno musical internacional.
“A musica é quase que uma religião pra mim”, diz ele. “Eu tenho tanta intimidade com a música, tanta compreensão com a música, que eu sigo a vida pela música”.
E esse é o segredo de seu sucesso — a paixão pela música e sua dedicação.
“Tem gente que fala, Antonio Adolfo, tudo que ele faz, dá certo. Mas dá certo, por muita luta. Não é fácil”, diz ele. “Mas eu gosto dessa dificuldade por que dá uma adrenalina que você precisa pra criar”.
Dica: O restaurante favorito de Antonio Adolfo em Miami é o Adriana, um peruano perto de Bal Harbour (9477 Harding Ave., Surfside, FL), onde jantou recentemente para comemorar seus 65 anos. Seu prato favorito lá é Ceviche de tuna.
Antonio Adolfo conta em poucas palavras o segredo de seu sucesso, fala de sua mãe e dá uma “canjinha” ao Direto de Miami com um show particular de “Sá Marina”.
Para comprar entradas do show de Antonio Adolfo e Carol Saboya, em 10 de março, clique aqui. Com Claudio Spiewak na guitarra, Jamey Ousley no baixo, Rafael Barata na bateria e Carlomagno Araya na percussão. Endereço: Rose & Alfred Miniaci Performing Arts Center na Nova Southeastern University – 3100 Ray Ferrero Jr. Blvd., Ft. Lauderdale, Fl. 33314 | Telefone: 954-462-0222
Um pouco de nostalgia: “Sá Marina”/”Pretty World”, com Lani Hall.
* Texto originalmente publicado pelo portal de notícias iG.com.br na coluna Direto de Miami
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