Fotógrafa recebe prêmio de Artes Visuais do “Oscar” da comunidade brasileira no exterior. A categoria, até então, era dominada por artistas plásticos.

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Jade no estudio em sua casa. Foto de Carla Guarilha.

A fotógrafa Jade Matarazzo vai receber esta semana o prêmio “Brazilian International Press Awards 2012”, na categoria de Artes Visuais, até então dominada por artista plásticos.

Jade, a primeira fotografa a receber o prêmio desta categoria, se junta a outras estrelas como Romero Britto, Vick Muniz, Carmen Gusmão, Albery, Naza, Pedro Lázaro e Erick Vittorino.

“Sempre tem fotógrafos indicados nessa categoria, mas a Jade foi a primeira a vencer essa barreira”,  diz Carlos Borges, criador e presidente do Press Awards, que existe há 15 anos nos Estados Unidos, e em 2011, estreou também no Reino Unido e no Japão.

A premiação vem coroar a vida desta mulher apaixonada pela fotografia desde os 17 anos.

Fruto da tradicional família Matarazzo, em São Paulo, foi batizada pelos pais de Paola.  O encontro com a fotografia aconteceu por uma via transversa. Aos 16 anos, ela se apaixonou pelo mundo da patinação, quando passou no teste do “Holiday on Ice” em turnê pelo Brasil e fugiu com o grupo para Londres.  Foi localizada pela Interpol e seus pais a encaminharam para Suíça para uma escola de meninas.  Lá, ela  descobriu a fotografia.

“Sempre esperavam que eu me encaixasse em um certo molde, que é a família tradicional, não trabalhasse, tivesse filhos e casasse”, afirma.

Ficou um ano na Suíça, voltou ao Brasil, estudou, casou, se divorciou e, com 19 anos, veio para Miami. A fotografia, que era um hobby, virou paixão.

Mas, como Paola Matarazzo virou Jade Matarazzo?

A sua empresa se chama Jade Photoart.

“As pessoas ligavam e falavam, a Jade está?,” diz a fotógrafa, que aos poucos foi assumindo o nome da pedra preciosa que sempre adorou.

Atualmente, Jade está participando da exposição Eco Art na galeria ArtServe em Fort Lauderdale, perto de Miami, na Flórida, onde em outubro também expõe solo com 20 fotos de suas várias séries e vai lançar um livro com 70 páginas, 50 fotografias e um pouco da sua trajetória e história dessas imagens – uma publicação do Museu das Américas, que levará algumas de suas fotos para expor em maio, em Istambul.

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Foto vai para exposição em Istambul. Cortesia Jade Matarazzo.

Jade tem hoje uma agenda profissional lotada e pessoal ainda mais. Ela tem cinco filhos – entre 6 e 20 anos – e vive feliz com o marido Patrick Callahan, em Weston, cidade próxima de Miami.

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Jade com o marido Patrick no jardim de sua casa. Foto de Carla Guarilha.

Esse foi um dos trabalhos que teve maior repercussão profissional para Jade e, também, uma das séries que mais mexeu com ela.

“É uma imagem diferente que a gente vê através da lente,” diz ela, conhecida como uma artista eclética, que fotografa de uma flor à uma pessoa abandonada, passando fome, com a mesma naturalidade e sensibilidade.

“Acho que esse contraste do meu trabalho vem do meu leque de interesse”, conta Jade, que utiliza muito — através de sua lente fotográfica — o conceito filosófico tibetano, “Miksang”, que tem como princípio mostrar o que o olho nu nem sempre consegue enxergar.

“Sou um pouco introvertida.”, diz ela.   “A lente me ajuda a mostrar aquilo que talvez eu não estaria falando, tipo, ‘olha, você não percebe que tem isso, acorda.  Tem coisas acontecendo no mundo e vocês não estão vendo, não estão percebendo – tanto o belo quanto o não tão belo e o difícil”.

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Serie “Compassion”: Pai e filho em Los Angeles. Cortesia Jade Matarazzo.

E foi o conceito de “belo” que levou a outro de seus trabalhos favoritos.

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Sessão especial no estúdio com Maria, que comemorava o fim do tratamento de um câncer. Cortesia Jade Matarazzo.

Tudo começou com uma cliente, Maria, que estava terminando o tratamento de um câncer.  Paola fez uma sessão de fotos que acabou em um livro deslumbrante para a cliente.
“Ela estava careca na época, bem pouquinho cabelo e sempre teve um cabelão enorme.  Foi uma experiência que mudou a vida dela, mudou a percepção dela com ela mesma”.

Jade se emocionou com o impacto do trabalho e, nos últimos três anos, já fotografou mais de 25 mulheres diagnosticadas com câncer.  Ela não cobra pela sessão, que normalmente custaria US$650, e nem pelo livro de fotos que dá de presente para cada uma dessas clientes.

“É uma recompensa pra mim”, diz a fotógrafa.  “A pessoa vai ter aquela imagem pra sempre.  Pode olhar e pensar, se eu me arrumar, eu fico assim, pôr um batonzinho, uma coisinha, eu sou assim.  É tão legal poder fazer essa diferença.”

E esse é o segredo do sucesso de Jade, que faz cada trabalho com paixão, sempre buscando fazer a diferença.

Ela diz que seu trabalho e suas séries muitas vezes refletem uma fase de sua vida, que no momento é de introspecção.

Paola, recentemente, perdeu o pai, seu melhor amigo, que, ela afirma, compreendia sua alma melhor do que ninguém.

“Estou me reinventando”, diz ela, que deixa uma dica para o fotógrafo principiante: “Experimentar todos os tipos de fotografia. Você pode se apaixonar por uma coisa e ser excelente naquilo ou pode se apaixonar por um leque de coisas e se sair bem em todas elas”.

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Foto de Carla Guarilha

No vídeo, Jade Matarazzo conta o segredo de seu sucesso e deixa um conselho para todos os fotógrafos, principalmente no inicio de carreira:

 

* Texto originalmente publicado pelo portal de notícias iG.com.br na coluna Direto de Miami



Categories: Direto de Miami

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